Tem horas que as coisas só saem da gente por escrito. Eu ouvi/li isso em algum lugar. E tenho visto isso na minha própria experiência. Como você já sabe, eu tenho tido muito tempo. E um dos meus hábitos bons tem sido escrever sobre o meu dia. Eu coloco tudo lá, as sensações, os medos, as alegrias, as tristezas e isso para tentar lidar com isso da melhor maneira possível.
A experiência tem sido libertadora. Colocar para fora aquilo que te angustia. Que você queria contar para alguém mas não tem coragem. As vezes nem para gente mesmo temos coragem. Juntar as palavras em uma frase e deixar ali para você talvez algum dia ler e lembrar.
Mas devo dizer que os sentimentos humanos são tão complexos que as vezes sinto que tento esconder de mim mesma. Daquilo que penso. Como se alguém fosse achar isso e eu fosse ridicularizada. As vezes ser sincero com a gente já é difícil imagina com os outros.
Eu sei que para mim nunca foi fácil. Semana passada eu conversava com uns amigos e um deles dizia que me via como uma pessoa que se expressava pela arte. Achei bonito. Porém me revelou algo, eu realmente me escondo um pouco atrás do que produzo. Eu revelo porém com muita distância do que realmente se passa dentro de mim.
Talvez por isso é tão difícil acreditar quando alguém diz me amar ou gostar de mim. Acho que eu tenho essa noção de que as pessoas não me conhecem de verdade. Eu tenho a pior sensação de todas que nem eu mesma me conheço.
Por fim, a escrita tem sido um remédio para esses dias incertos. Para essas angústias diárias e o medo ligeiro. Ela tem me confortado e me feito entender muita coisa. Eu sinto que estou aprendendo a colocar para fora verdadeiramente. Meio que para fazer uma curadoria de que fica e o que vai embora. E tem sido bom. Quem sabe que nesse entra e sai de palavras eu encontre o caminho para casa. O meu lar.