“Quando a vida te der limões, faça uma limonada!”: esse ditado popular não é novidade para ninguém, pois se trata de pegar uma situação desfavorável, amarga e azeda como limões e transformar em algo doce e gostoso como uma limonada. Olá meus queridos Rabitters, como vão vocês? Espero que bem! Hoje vamos explorar o Mindset (a mentalidade), tanto no mundo dos jogos e nos esportes, assim como na vida real. Esse assunto me interessa bastante, pois ele nos apresenta arte de nos depararmos com uma situação ruim e extrairmos o melhor dela. Qual é a mentalidade que uma pessoa bem sucedida tem e que outras que se consideram frustradas a elas faltam?É sobre essa e outras questões que falaremos hoje nesse post.

É da autoria do humorista norte-americano Josh Billings (1818-1885) a seguinte citação: “A Vida não consiste em ter boas cartas na mão e sim em jogar bem com as que se tem.” Essa sentença pode parecer um lugar comum encontrado em qualquer livro ordinário de auto-ajuda, porém, sua mensagem ao meu ver é genuína, e ela faz eco a uma importante escola filosófica da Idade Clássica: o Estoicismo. Para quem não conhece, a filosofia estoica foi fundada pelo pensador grego Zenão de Cítio (333 a.C-263 a.C), sendo hoje lembrada como uma das mais famosas escolas de pensamento do final da Antiguidade e início da Idade Média.
A filosofia estoica, assim como a de seus contemporâneos epicuristas, preocupava-se em responder a grande questão de como se deveria viver, especialmente em relação a como alcançar uma maior espiritualidade e harmonia com a Natureza à sua volta. O estoico é, acima de tudo, um indivíduo sereno, que não se abala com as adversidades do destino e que faz seu jogo com as cartas a que foram dadas a ele! Nesse sentido, buscar a virtude e abandonar as paixões terrenas seria o grande estilo de vida a ser encontrado, e hoje em dia podemos confundir esse pensamento com o das demais religiões orientais, como o hinduísmo e o budismo.
Existe uma consideração de grande importância na filosofia estoica que devemos fazer quando falamos nesse assunto: esses pensadores não negavam a existência do livre arbítrio. Porém, segundo eles, a liberdade de escolhas não necessariamente conduzia a uma vida mais feliz, ou mais resolvida com o meio. Em virtude disso, avançando quase mil anos no tempo, temos a famosa oração de de Francisco de Assis, que sintetiza os estoicos e que nos dá o seu belo conselho!
Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado… Resignação para aceitar o que não pode ser mudado… E sabedoria para distinguir uma coisa da outra.

Eu amo jogos, qualquer um que me conhece sabe que desde criança sou fascinado por qualquer atividade que envolva tomada de decisões e que envolva ganhar e perder. Pode ser até biloca, par ou ímpar, amarelinha, gosto de tudo. Um dos motivos por eu amar os jogos é a variância. Ah, como é linda a beleza da aleatoriedade! Na maioria dos jogos, existe a variância que nós chamamos por sorte. Mesmo em esporte de equipes e coordenados como o futebol, se a equipe criar várias oportunidades de chute ao gol, mas a bola bater na trave todas as vezes, não será possível a vitória.
Às vezes, ganhar ou perder pode ser apenas uma questão de sorte, mas, é importante saber é que, tanto na vida quanto nos esportes, as pessoas costumam colocar culpar mais a sorte do que a si mesmas! Em suas derrotas costumam valorizar mais a sorte do oponente às suas próprias falhas, costumam olhar com mais atenção as oportunidades que se abrem para os outros do que as que abrem para elas mesmas. Ai culpam os outros, culpam o universo, e se recusam a culpar o único culpado real pela maioria das falhas: elas mesmas! Se você começar a jogar Poker hoje mesmo vai aprender que poker é um jogo de variância. Os jogadores jogam com as cartas que são embaralhadas e distribuídas aleatoriamente a eles, e mesmo as cartas que são reveladas na mesa também são aleatórias. Então, como é possível em um jogo, envolvendo tanta variância, a mesma pessoa ganhar várias vezes?
Os melhores atletas do poker não são aqueles que ganham uma ou outra partida importante, mas aqueles que mantém uma certa consistência! Nem sempre esses jogadores sairão vencedores de uma mesa de jogo, mas pode apostar que eles sempre estarão lá na maioria delas! Bons jogadores sabem que não podem controlar a própria sorte, mas dominam outros fatores essenciais para uma melhor partida, como blefes, cálculo de probabilidades e tomadas de decisões. A maioria dos jogos de estratégia envolve tudo isso.

Às vezes enfrentamos dias difíceis, onde podem ocorrer desventuras em série (hahaha) e nesses dias é preciso ter autocontrole e temperança para não deixar emoções como a ira ou a tristeza tomarem conta de nós permanentemente. Há também situações onde todos os ventos estarão ao nosso favor, e que devemos perceber essa sorte e aproveita-la. Como um bom jogador de poker, é preciso manter a calma e fazer a melhor jogada possível, mesmo com as cartas ruins, mantendo a consistência.
Semana passada houve um dia em que eu “tiltei”. “Tilt”, para quem não sabe, é uma expressão muito usada em jogos, que significa que a pessoa estressou a tal ponto que o nervosismo e a raiva dela fazerem ela tomar decisões ruins e essas decisões piorarem a sua situação presente. Voltando ao dia ruim em que mencionei, já estava acontecendo comigo a um tempo uma série de eventos que estavam me irritando, e enquanto eu jogava um jogo que gosto muito, perdi várias partidas seguidas. Estava tendo um dia tão ruim que após perder uma das partidas, não me contive e dei um soco na minha CPU. Resultado: além de eu ter machucado minha mão no processo, o computador desligou e ficou vários dias sem ligar. (inclusive achei que tinha perdido meu HD por causa desse momento de raiva e frustração)
Um dos motivos pelos quais havia me frustrado foi conhecer algumas garotas em sequência ou pela internet, ou pelo aplicativo de encontros (Oi Tinder!) e basicamente elas paravam de me responder sem mais nem menos. Tudo bem acontecer isso, é normal as pessoas terem a liberdade de fazer isso, e eu não deveria ter me irritado com isso, o que me fez refletir de porque ter me irritado com isso. Essas garotas eram estranhas a mim, não nos conhecíamos e nem aconteceu nada sério, logo, eu não deveria ter motivos para me sentir frustrado por elas pararem de falar comigo. Fui eu quem criei a expectativa de conhecer as garotas e apenas eu quem me estressei, provavelmente as garotas simplesmente decidiram não me responder e a vida delas continuou feliz e saltitante. Por que raios eu não fiz o mesmo?!
A maioria das pessoas com quem eu converso criam expectativas e se frustram em diversas situações, criando com a sua imaginação cenas, diálogos e brigas que nunca chegam a acontecer. Essa pessoa é louca?! Não! Mas quando essas expectativas não são atingidas, a pessoa desaba, por se ver diante do inesperado, por ter criado uma falsa sensação de controle de algo que fantasiou…
Como nós podemos esperar boas atitudes das pessoas, se nos julgamos superiores a elas? A sugestão nos foi dada pelos estoicos: não devemos esperar nada das pessoas e não criar expectativas sobre nada, deixando que o mundo, em sua irrepetibilidade e em sua inevitabilidade, nos surpreenda a cada dia! Devemos amar o mundo e as pessoas como elas são de fato! Nietzsche chama isso de Amor Fati. Encerro aqui o post com a reflexão mais filosófica possível do começo do texto: “Quando a vida te der limões, faça uma caipirinha, de preferência com muito gelo e açúcar por favor!”