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Olá meus queridos leitores! Hoje eu queria começar o post de uma forma diferente fazendo um aviso sobre este blog. Meu objetivo com esse blog nunca foi monetiza-lo, a principio eu só queria compartilhar com vocês minhas ideias e tentar me expressar de forma escrita; assim eu organizo minhas ideias e ainda compartilho informações e reflexões com vocês. De toda forma essa não é uma coluna convencional da internet, ela não tem objetivo apenas de entreter as pessoas, mas também de fazer vocês pensarem e refletirem sobre coisas do dia a dia. Não posso me furtar de entregar qualidade afim de abranger um público maior_já existem milhares de canais e blogs que fazem isso todos os dias, e isso não é o que quero. Também não quero manter o blog super excludente, de forma que os textos não conversem com algo da sua experiência de vida ou não faria sentido nenhum em torna-los públicos. Então eu tento navegar nessa mistura de reflexão aprofundada e aplicação no dia a dia para que possa ser uma experiência bacana de leitura. Se você gosta de ler o conteúdo que produzo, compartilhe com seus amigos, deixe comentários e dê seu feedback porque isso é o maior incentivo para eu continuar este blog! Eu fico muito satisfeito em ver que as pessoas leem e comentam sobre as ideias delas comigo, algumas inclusive, me inspiram a fazer novos posts através dessa troca de conhecimento. Então é isso, siga o blog em outras redes sociais para ficar por dentro de novos posts , amo vocês!

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Sobreviventes e Problematizadores

Hoje vamos abordar uma discussão mais reflexiva e com uma pitada de política. Vamos analisar um exemplo de situação: uma pessoa periférica sofre bullying dos colegas na escola. Existem dois tipos de visão sobre essa situação: a primeira pertence a um grupo de pessoas, que acredita que bullying apesar de ser desagradável, é uma experiência inofensiva, e passar por ela reforça seu caráter como pessoa. As pessoas que acreditam nessa ideia eu vou chamar elas aqui de Sobreviventes. O segundo tipo visão é que o bullying é uma pratica tóxica que não acrescenta em nada a pessoa, pelo contrário pode criar nela um trauma e um sentimento de frustração e invalidez durante sua vida adulta, a essas pessoas a quem essa segunda visão pertence, vou chamar elas de Problematizadoras. Parece que claramente temos um impasse aqui não é mesmo? Um grupo de pessoas não vê nada de mais, e acredita ser possível retirar algo de positivo do bullying, já o segundo grupo vê como algo totalmente desnecessário e tóxico, e que deve ser evitado. Esse exemplo é apenas um pequeno de um confronto de visões que permeia nossa sociedade há milhares de anos. Mas de onde vem a origem de pontos de vistas tão diferentes? Porque as pessoas reagem de forma diferenciada a um mesmo problema ou situação? Provavelmente é porque nossos cérebros pensarem diferente uns dos outros. Será que existe alguma explicação da ciência para isso?

Existe um estudo feito pelo Professor e pesquisador Ryota Kanai da University Lodon College e o mesmo comprovou que: através de recursos tecnológicos e da Neurociência diz que as pessoas já tem inclinações biológicas naturalmente, a um dos dois mais abrangentes espectros políticos : Direita e Esquerda. Mas o que isso significa? Através de Ressonâncias magnéticas e experimentos conduzidos com pessoas, o Professor Ryota e seus colegas viram que pessoas mais inclinadas ao progressismo possuíam uma predominância de ativação na região do córtex cingulado anterior, parte do cérebro que é responsável pela tomada de decisão moderada e pelo comportamento social. Essas pessoas tendem a resolver mais facilmente situações conflituosas, e elas conseguem ver as minúcias dessas situações. Já as pessoas mais conservadoras tem outra região mais ativada que é a amígdala – integrada ao cérebro primitivo, essa região é responsável por processar os instintos como medo e é através dela que a espécie criou mecanismos que nos ajudassem a sobreviver. Em função disso as pessoas que tem essa região mais desenvolvida, veem problemas muito maiores do que realmente são e elas tem menos tolerância para lidar com situações adversas. As consequências disso são que as pessoas adotam uma postura mais cautelosa no sentido de preservar o status quo. Exemplos de pensamento conservador: “Em time que esta ganhando não se mexe”, ” sempre foi assim e sempre será” ” se chegamos até aqui desse jeito, não tem porque mudarmos”.

O estudo conseguiu chegar a conclusões bastante impressionantes, um exemplo seria o porte e a raça dos cachorros que são adotados por pessoas progressistas e conservadoras. Enquanto as pessoas mais progressistas preferem cachorros de pequeno porte e fofinhos para lhes fazer companhia, as mais conservadoras preferem cachorros de porte maior, para proteger suas casas. Outro ponto interessante e que em pessoas mais progressistas, seu cérebro produz mais Ocitocina, hormônio que favorece a empatia, isso é uma explicação do porque se ligam mais a causas sociais. Já as pessoas mais conservadoras tem áreas ligadas a organização mais ativas, e acreditam com mais frequência que suas vidas tem um propósito definido e isso é uma explicação porque acreditam em hierarquia e em grupos fechados e definidos.

Esse estudo já é antigo, ele tem 10 anos, imagine quais as novas pesquisas e resultados que podemos obter. O mais interessante desse estudo são as implicações dos resultados, ao entender que as pessoas tem predisposição biológica a votarem em determinado candidato, nos compreendemos algo que motiva elas a tomarem essa atitude. Mais do que entendermos sobre eleições, é sobre entendermos quais parâmetros moldam nossas atitudes? Porque agimos de determinada forma e porque pensamos tão diferente? Eu já lhes disse aqui que o ato de existir é político, se ficarmos em casa apenas comendo e vendo séries, estamos fazendo política. Não há como escaparmos disso, porque nós somos seres sociais. Nos dependemos uns dos outros , nos interagimos, e isso é política!

Como esse é um assunto bastante complexo eu vou dividi-lo em partes, e hoje vamos falar desse primeiro grupo do espectro o conservador. Eu vou chama-lo aqui para melhor entendimento de sobrevivente. O que é um sobrevivente? O sobrevivente é um indivíduo que se adapta muito bem ao sistema, ele é extremamente eficiente em sobreviver. Sabe reconhecer os perigos, e ele é pragmático. Um sobrevivente se guia pela máxima Nietzschniana de que o que não te mata te fortalece. Essas pessoas pensam que experiências ruins e frustrações são necessárias ao seu amadurecimento, elas justificam coisas negativas como parte de sua formação. É bastante comum que os sobreviventes tenham sua criação pelos pais afim de alcançarem metas , resultados, e como resultado disso sua educação os compele a serem centrados em si mesmos.

Mas afinal o que é um sobrevivente?

Vamos começar do circulo mais fechado-a família. As famílias conservadoras não criam seus filhos para serem agentes modificadores e adultos realizados, isso quem faz são as famílias mais progressistas. As famílias conservadoras entendem um mundo como um lugar perigoso e cruel, eles veem a lei da natureza, sua criação é baseada em valores morais e de sobrevivência. Um conservador é criado para competir com os outros, para ter sucesso e seus valores são individualistas. Suas crenças não são baseadas na ética, mas em valores morais tão antigos quanto as religiões. As profissões que mais costumam ser alvejadas por essas pessoas são: Juristas, Investidores, Empresários, Policial Militar, Contadores, Agrônomos e Profissionais autônomos. Por serem ligados a questões de sucesso, essas pessoas acreditam em Meritocracia plena, e valorizam suas conquistas individuais. O que rege uma sociedade conservadora? A sobrevivência do mais apto!

Quanto mais distantes de seu circulo, menos humanos as pessoas lhe parecem, e mais descartáveis e animais elas se tornam. É abusando desse raciocínio que nazistas conseguiram desumanizar os judeus e reduzi-los a parasitas e carrapatos que precisavam ser eliminados. É reduzindo as pessoas periféricas das favelas a bandidos, que podemos justificar matar 27 pessoas sem peso na consciência. Ter medo do outro, e pensar só em seu grupo talvez tenha aumentado nossas chances de sobrevivência há milhares de anos, quando morávamos nas savanas e éramos caçadores. Mas hoje, moramos em megalópoles de 18 milhões de pessoas, não estamos em constantes situações de perigo e podemos parar de ver os outros como adversários, ou como nossos competidores.

Um claro exemplo de posicionamentos dos grupos que é diferente é: o recente caso do Médico Brasileiro que foi preso no Egito por assediar uma mulher sem ela entender o que ele estava dizendo. O caso veio a viralizar nas redes sociais e inclusive nos jornais. Na cabeça de um sobrevivente, o medico só estava sendo jocoso, estava sendo alegre e fazendo piadas. Estava brincando. Não lhe passou em momento algum o pensamento de que aquilo poderia ser desagradável para a mulher, ou mesmo ofensivo. O sobrevivente é acostumado a viver sob atrito, eles entendem que é normal e saudável esse tipo de comportamento, que isso lhe torna uma pessoa mais leve a autentica. É óbvio que esse comportamento não pode ser adotado como uma regra, porque nem todas as pessoas pensam assim.

Esse estudo da neuropsicologia nos abre a um debate bastante fecundo, de porque pessoas tomam atitudes de determinada forma, e onde estão solidificadas os valores delas. É importante ressaltar que este texto contem minha opinião, mas ele é embasado em um estudo científico. Você pode por si mesmo procurar ele e tirar suas próprias conclusões! Sobreviventes e Problematizadores sempre existiram, é preciso entendermos uns aos outros para chegarmos a um consenso, pois só assim poderemos atingir uma democracia plena!

Fernando

33 anos, Professor, Historiador, Gamer e Escritor. Fascinado pelo universo Geek e Pop. Leitor, fã de música e cinéfilo. Pai de um rapazinho e uma mocinha. Em horas vagas escreve neste blog. Me sigam no twitter @ferthenando e no Instagram @ferthenando18

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