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Olá meus cativos leitores, como vão? Já faz muito tempo que não escrevo aqui não é mesmo?! E o motivo é simples: Me faltava a vontade de colocar as palavras na telinha, e minha justificativa é aquela palavra que se tornou comum no nosso vocabulário do dia a dia, e que usamos para justificar todas tristezas e dificuldades que passamos ultimamente : Pandemia. Bom hoje eu vim fazer um post mais relaxado, mas bastante filosófico não tenha duvida disso não entrego nada a meus leitores que não tenha um valor ou algo a se absorver, pelo menos eu tento né! Nesse post eu vou abordar o filme da Disney/Pixar Soul (2020), caso você não tenha visto ele ainda, e não queira receber nenhum tipo de spoiler, feche esse post , porque aqui terão alguns spoilers sim. Bom aviso dado, peço que você se acomode e faça como eu: ponha uma playlist de jazz relaxante , pegue um cafezinho quente, um pão de queijo quentinho e vamos escorregar pela toca do coelho!

Uma Obra de arte

Para aqueles que são leitores desse blog não é novidade nenhuma que eu abordo obras da cultura pop, livros, filmes, animes, séries e musicas. A arte é a forma mais sublime de repensarmos a vida, e a sétima arte é uma das minhas maiores paixões. Amo cinema, amo roteiros fechados, e amo como o diretor te conduz a sentimentos e sensações, te deixa imerso em uma história bem contada, que no fim você pode sentar com seus amigos e conversar sobre aquele filme. Soul é um claro exemplo disso. O filme é mais uma daquelas obras da Pixar que é supostamente feita para crianças, mas que por debaixo da casca de animação extremamente bem feita, tem um miolo filosófico existencial de dar inveja a muito filosofo capenga por ai. A obra conta a história de Joe um professor de música que é apaixonado por jazz desde sua adolescência, cuja sua missão de vida era tornar-se um músico reconhecido de uma banda de jazz. Mas quando seu maior sonho estava para se realizar , ele sofre um acidente e fica num estado inconsciente entre a vida e a morte, sua alma então vai parar no além vida. Revoltado e recusando-se a morrer, Joe cai num plano onde chamam de pré- vida, lá ele encontra uma oportunidade de retornar ao seu corpo e realizar seu sonho_ mas para isso Joe precisa ajudar a rebelde alminha 22 ,a encontrar um propósito na experiência de viver.

Joe protagonista do Filme Soul da Disney/Pixar

As Sutilezas do viver

Eu poderia descrever aqui todas as referências existenciais que são um tema pelo qual eu sou apaixonado, mas é melhor que você veja por si mesmo vendo a animação. O filme é cheio de sutilezas, de cenas memoráveis nas quais todos nos,nos identificamos bastante. A cena em que Joe teme em falar com sua mãe que tinha conseguido um emprego fixo, porque ela desaprovava seu sonho de ser músico de jazz, já que para ela música não dava dinheiro e ele passou grande parte de sua vida perseguindo esse sonho assim como o pai. Eu me vi naquela cena. Quantos de nós não desistimos dos nossos sonhos por falta de apoio das pessoas ao nosso redor? Ou por acreditarmos que já estamos velhos, ou que nossas condições nunca vão nos permitir realiza-los? Quantas pessoas desistem de sonhos ou tornam-se frustradas em suas vidas por não conseguirem atingir metas e sonhos?

Dorothea contando a Joe a História do peixinho. Soul 2020 da Pixar

Viver não cabe no Lattes. Eu vi essa frase na internet. Ela é uma critica ao academicismo extremo, mas acima de tudo as pessoas que super valorizam suas conquistas e suas metas. Em Soul, um dos e talvez seja o momento mais marcante do filme ,é quando o protagonista conversa com Dorothea Williams, uma saxofonista famosa, ela é a líder de uma banda de jazz, a qual Joe é muito fã. Quando ele consegue então tocar uma noite com a banda de Dorothea, ele a explica que passou a vida inteira sonhando com aquele momento, e agora que tinha conseguido realiza-lo, ele não se sentia feliz como imaginou que ficaria. Então Dorothea lhe conta uma história sobre um peixinho. Esse peixinho jovem nadou ate um peixe ancião e lhe disse: ” Eu estou tentando achar essa coisa que eles chamam de oceano”. “Oceano? diz o peixe ancião, “você esta nele agora mesmo”. “Isto? Isto aqui é agua- disse o peixinho novo. O que eu quero é o oceano!” E então na solidão da sua casa tocando jazz é onde acontece o estalo, o despertar. E Joe começa a ver que sua vida não tinha sido um completo fracasso como ele mesmo imaginava, e que em sua ávida busca de ser tornar um músico de jazz, mesmo pensando ser infeliz por não conseguir, pelo contrário ele teve muitos e muitos momentos felizes.

Eu vejo muitos jovens de 20 poucos anos ou menos, pessoas que se sentem frustradas por não estarem sendo o novo Einstein, ou o novo Michael Jackson da atualidade. Eu mesmo quando tinha uns 20 anos achava que se não fizesse algo importante antes dos 30 eu iria explodir! Quão tolo eu era! Felizmente para mim eu passei por experiências que me fizeram amadurecer muito e a parar de pensar isso, mas não funciona assim para todos, existe muitas pessoas mais velhas que se sentem infelizes ou frustradas por não terem realizados seus planos, elas desistem deles e repassam isso para os filhos ou para outras pessoas próximas.

A vida não é uma corrida para você atingir objetivos! Não estamos em uma speedrun! Não! Você não esta correndo contra o tempo para casar, não está correndo contra o tempo pra ser um grande Streamer, um grande jogador, um grande advogado, um grande pintor. Quando somos jovens somos tolos e queremos viver a vida intensamente, consumi-la avidamente, queremos viajar o máximo possível, queremos ter o melhor currículo, o melhor negócio, queremos estar entre os melhores, queremos casar o mais rápido possível e esquecemos que a felicidade não se encontra no destino, mas sim na jornada! Outro filme da Disney que aborda muito bem essa máxima é Carros da Pixar.

A pós modernidade nos impulsiona a isto! Queremos viver tão intensamente, consumir a vida de forma tão desesperada que achamos que se ficarmos parados, estamos morrendo. A felicidade não está em fazer coisas grandiosas, não está em ter status, nem em realizar grandes metas ou fazer milhares de viagens. Mas as vezes ela pode ser encontrada num churrasco com seus amigos, numa roda de samba, num fim de tarde na fazenda vendo o pôr do sol, ou mesmo numa conversa com os amigos na internet dando boas risadas.

Quantos de nós assim como Joe, nos sacrificamos em prol de objetivos, achando que a vida vai começar depois que alcançarmos determinado degrau? Passamos a vida toda, estudando, trabalhando, e fazendo coisas para alcançar uma meta achando que só vamos ser felizes e completos quando a realizarmos, mas esquecemos de todas as minúcias , todos os pequenos prazeres da vida que são: Chegar em casa depois de um dia cansativo e tirar a roupa, tomar um bom banho e lavar o cabelo, deixa-lo cheiroso, comer uma boa comida, morrer de rir com os amigos ou vendo uma série que gosta. São nesses pequenos prazeres , nesta jornada que encontra-se a felicidade e não apenas nas grandes metas.

Eu já me questionei várias vezes porque minha vida sempre fica no “quase” ,parece que sou um pouco bom em tudo, mas nunca o melhor em nada! Um Jack of all trades master of none,ou como dizemos em bom português pau pra toda obra. E isto sempre me deixou muito frustrado, um sentimento de pressão e de derrota enorme, ainda mais nessa pandemia. Mas assim como Joe eu me dei conta dos momentos maravilhosos que tive, das pequenas conquistas, dos amigos, de todas pessoas e coisas boas que aconteceram na minha vida e me dei conta de que mesmo que eu estou mesmo no oceano! Então eu me lembro da mensagem que o filme me passou, que a felicidade não é atingir metas apenas, ela esta em apreciar um pedaço de pizza, um lindo corte de cabelo, em ouvir uma boa música, tomar um sorvete de tarde com a família, dar boas risadas com um amigo no Whatsapp, e acima de tudo em estar com pessoas que amamos!

Fernando

34 anos, Professor, Historiador, Gosto de Jogos, Escritor. Fascinado pelo universo Geek e Pop. Leitor, fã de música e cinéfilo. Nas horas vagas quando não estou entregando a dama no xadrez eu escrevo aqui neste blogzinho! Instagram @ferthenando18 bluesky @ferthenando.bsky.social

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