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Olá pessoas! Eu estava com saudade de vir aqui escrever para vocês. Eu completei 30 anos de idade há menos de um mês. E vim aqui compartilhar com vocês um pouquinho da minha reflexão sobre o que aprendi ao fazer os 30 .

Todos os anos, aniversários são épocas para celebrar nossas existências, e para dizermos as pessoas que estamos felizes por elas ainda estarem aqui, por isso agradecemos por elas existirem. Geralmente meu aniversário por ser no final do ano, coincide com uma época de introspecção onde faço uma retrospectiva do ano adiantada. Sempre me questiono o sentido da minha existência, meus sonhos, minha participação na vida das pessoas, meus erros, e meus acertos. Só que esse ano, por tudo que aconteceu, eu resolvi ir um pouco mais longe nesse processo reflexivo. Eu criei uma tabela num caderno, e tentei colocar nela todas as variáveis(amigos, empregos, cursos, namoradas, depressão, familiares) da minha vida, para que assim eu pudesse comparar ano a ano o que foi mudando em minha vida.

Após eu analisar minha tabela, percebi que todas variáveis foram mudando com o decorrer do tempo, e que poucas coisas permaneciam durante todos esses anos. Percebi que algumas sumiam, e voltavam após um tempo, mas acima de tudo percebi que um dia uma dessas variáveis: meus pais, iriam um dia sair da minha tabela, e que também eu sairia da dos meus filhos. Essa é uma constatação óbvia, mas que nem sempre estamos atentos a todas as implicações que ela nos leva. Então após fazer todo esse processo de comparação das tabelas, percebi que elas eram divertidas, porem nunca expressariam com rigor e intensidade os sentimentos, as vezes que senti raiva, as frustrações, as alegrias, e os gozos de uma vida inteira! Seria preciso infinitas tabelas para quantificar sutilezas e momentos que se perdem no ar, assim como bolhas de sabão soltas ao vento vão estourar.

A primeira reflexão é que: envelhecer nem sempre é um processo onde você adquire maturidade. Algumas pessoas passam pela vida sem absorver nada . Já outras com muito pouco tempo, absorvem coisas demais, e demonstram uma imensa sabedoria, e uma capacidade de ser inabalável. Meu terapeuta era assim,e eu me inspiro muito nele! Eu queria dizer que estou dentro deste segundo grupo, mas nem sempre é assim.

Onde não te couber, não te demores.

A lição mais importante que aprendi ao chegar aos 30 é sobre: Reciprocidade. Devolver nas relações na mesma medida o que as pessoas investem em nós não só e desejável, como extremamente saudável para ambas as partes. E isso envolve tudo na vida: amigos, empregos,paqueras, familiares. Quando você investe energia em algo por demais, e aquilo não te devolve na mesma medida, nem reconhece seu esforço é a hora de você tirar o pé do acelerador, ou mesmo de você se retirar daquela posição.

A vida passa rapidamente, e tudo que você puder verbalizar para as pessoas positivamente verbalize! Diga sempre tudo que sente, porque podemos não ter a chance de dizer. As pessoas são incríveis, elas se superam, elas amadurecem , vemos lutas todos os dias a luta delas contra seus próprios demônios. Sempre elogie verdadeiramente, sempre demonstre seus sentimentos a vida é uma novela sem reprises. “Não deixe nada para semana que vem, porque semana que vem pode nem chegar!”

Escolhas infinitas

Há alguns anos atrás eu comecei a fazer terapia para resolver minhas crises. Uma das minhas queixas ao meu terapeuta foi que sempre haviam pessoas que tinham interesses parecidos comigo, que poderíamos ser grandes amigos, ou ter relacionamento com elas, mas por algum motivo elas não davam espaço para que essa relação florescesse. Eu via infinitas possibilidades, eu via mundos inteiros se abrindo, mas as portas eram fechadas por desinteresse. As pessoas não me davam oportunidade de mostrar meu melhor lado a elas, muitas me julgavam apenas pelas minhas posses, ou pela minha aparência. Isso me deixava frustrado, e me deixava para baixo, era como se eu não fosse bom o bastante.

Meu terapeuta me abriu os olhos, ele me mostrou que, a maioria das pessoas apesar de andar próximas a nós, elas estarão sempre paralelas. “Tudo bem, elas não escolherem criar vínculos com você. O mais importante é saber a hora de deixar elas irem.” Ele me citou um pensamento budista que diz que : quando as coisas são problemas nós enxergamos elas assim. Se nós ressignificamos as coisas e mudamos nosso ponto de vista sobre, elas então deixam de ser um problema! Isso então nos deixa no dilema das escolhas.

Sr. Ninguém

Existem várias obras de ficção consagradas que abordam o tema escolhas. Mas vou abordar uma que não é muito popular, porem ela é perfeita para falar exatamente sobre esse tema. A obra é o filme Sr Ninguém (Mr Nobody 2009). Um filme não Hollywoodiano com uma produção de vários países e com uma trilha sonora, e qualidade excelente. O filme conta a história de Nemo Nobody(Jared Leto) um velho de 118 anos, ele é o ultimo homem mortal da terra, já que a humanidade havia alcançado a imortalidade através de uma avançada tecnologia. Próximo da morte, com a memória esmorecendo um jornalista entrevista Nemo na tentativa de fazer um relato de sua vida, então ele lhe conta sua vida de forma não linear, mas o grande ponto do filme é que ele conta as variações de suas escolhas, criando assim 3 possíveis linhas do tempo. O filme é um prato cheio para quem gosta de histórias de vida instigantes , possui roteiro bem amarrado, e atuações muito boas, principalmente a de Leto.

Filme Sr Ninguem( 2009) o protagonista Nemo em suas várias fases da vida.

Todos temos recursos limitados que é o nosso tempo. Ao contrário de Nemo não podemos viver infinitas realidades, não podemos criar vínculos com todos, e fazer tudo que queremos ao mesmo tempo, então só nos resta fazer escolhas! Já falamos sobre escolhas aqui no blog em outros posts, elas fazem parte de uma filosofia que é o Existencialismo; em resumo é uma filosofia que diz que somos livres para escolher, mas somos eterno prisioneiros de nossas escolhas. E que não somos folhas jogadas ao vento da divina providencia, nós possuímos o livre- arbítrio, nem tudo podemos controlar através de nossas escolhas, mas as coisas que podemos, nós devemos fazer de forma a maximizar nossa felicidade e evitar a dor.

Tanto as pessoas, quanto as coisas que gostamos, ocupam um tempo nosso que é escasso, e a escassez de recursos é a determinante da nossa realidade. Temos que escolher sabiamente como queremos gastar o nosso tempo e outros recursos em busca de sermos felizes. Se você dedica seu tempo a relacionar-se com uma pessoa, se investe energia vital, e sentimentos nela e ela não aprecia isso, é hora de você sair. O mesmo com um trabalho, ou com amizades. Nós temos nosso valor, e em algum lugar alguém vai reconhecer ele, porem se nos insistirmos e persistimos por muito tempo investindo em alguém que não faz questão de nós, estamos nos fechando para essas pessoas ou lugares, estamos fechando portas de infinitas realidades, para nós prendermos a uma que esta condenada ao fracasso, porque aquela pessoa nunca vai lhe retribuir da mesma maneira.

Um sopro de ar fresco

Eu tive vínculos assim por anos, vislumbrava uma vida ao lado de algumas pessoas, colocava meu corpo e minha mente a pensar em estar com elas o tempo todo, e ao fazer isso me fechava para novas possibilidades. Precisamos nos libertar de tudo que nos aprisiona, e regar apenas as sementes que podem vir a florescer. E não se preocupe caso alguma porta se feche, ou alguém saia da sua vida. Existirão sempre milhares de novas portas a se abrir, e nunca saberemos se ela é melhor que a anterior. Um dos episódios de uma das minhas series favoritas retrata muito bem isso. O primeiro episódio da 4 temporada com o titulo de : No limite da Morty: Rick, Morra Rickipita. Morty em uma aventura inter espacial com seu avô descobre cristais que lhe dão o dom de ver como vai morrer. E ele começa a tomar decisões querendo morrer nos braços de seu crush a Jessica. Uma das conclusões que o espectador chega ao fim do episódio é que : viva sempre com os olhos abertos a outras possibilidades, não passe sua vida criando expectativas sobre uma única pessoa, porque colocar todos os ovos em uma cesta , pode lhe trazer amargas surpresas.

Morty Vislumbrando suas escolhas e quais o levariam a uma morte com a Jessica lhe dizendo : ” Eu te amo Morty!”

Ao chegar aos meus trinta anos eu percebi que uma parte de mim precisava ir embora, para dar lugar a uma nova. E que teria que escolher as pessoas e as coisas que permaneceriam em minha vida, as sementes que eu iria regar. A musica chamada Closing time do grupo Semisonic explica perfeitamente isso: ” Todo novo começo, vem quando outro começo termina.”. Apesar dos sonhos utópicos de criança eu amadureci, e agora posso deixar alguns irem embora, e me dedicar a outros. As novas folhas verdes não podem crescerem sem antes as vermelhas caírem no solo e apodrecerem e então servirem de nutrientes para as novas. Que venham então os 40!

Zaheer Vilão anarquista da série A lenda de Korra

“Quando você baseia suas expectativas apenas no que consegue ver, você se limita a não enxergar as possibilidades de uma nova realidade.” Zaheer _A lenda de Korra

Fernando

34 anos, Professor, Historiador, Gosto de Jogos, Escritor. Fascinado pelo universo Geek e Pop. Leitor, fã de música e cinéfilo. Nas horas vagas quando não estou entregando a dama no xadrez eu escrevo aqui neste blogzinho! Instagram @ferthenando18 bluesky @ferthenando.bsky.social

Um comentário

  • Davi Andrade disse:

    Você é muito novo más já tem grande noção da vida e o mais importante…sabe como descrevelas e passar adiante.. Muito legal… Parabéns…

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