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Acabei de pensar em algo. Quando era mais nova eu me comportava de uma forma que sonhava em ser outra pessoa. Porque acreditava que aquela não servia. Então a minha ilusão seria de que quando eu “crescesse” iria encontrar com as pessoas do passado e um movimento de nostalgia e chamaria a pessoa para voltar aquele tempo. Como se isso fosse possível. Como se isso fizesse sentido. E isso para amizades que na época eram boas mas que se afastaram. Como se eu quisesse fazer uma reunião de volta dos vinte anos e falasse: Agora estou pronta para viver aquele tempo.

Mas cadê todo mundo? Pensava no “auge” da minha maturidade. Que não era nem auge, nem maturidade. O tempo foi passando e eu olhava para a minha vida e me sentia lesada por não ter aproveitado do jeito que eu era. Que hoje as amizades afastadas podem sim significar que eu não consegui alcançar as expectativas delas e que decepcionei de alguma forma, mas pode também significar um afastamento natural que acontece quando a gente termina a faculdade, muda de bairro ou de cidade. Acontece todos os dias.

E quando fui olhar com um pouco mais de maturidade para o passado. Entendi que eu queria resgatar algo que não existia mais. Eu não sou mais daquela forma, nem minhas amigas ou amigos. Todos mudaram, seguiram a vida. Se encontraram ou não. Entendi então que o nome disse pode ser apego.

Apego emocional ao passado. Há uma ideia de que podemos continuar os relacionamentos de onde pararam e restabelecer o que não deu certo naquela época. Mas hoje entendo que isso nunca será possível. E não há mal algum nisso. Acho que seria mais interessante por ironia da vida nos encontrarmos na ironia do destino e começar algo dali, esse ponto. Apenas praticamente com o nome da pessoa e só.

Veja, eu não sou contra amizades de infância. Eu mesma tenho amigos desde a infância e adolescência que me acompanham até hoje. Mas percebe que elas vieram de lá. Elas atravessaram todo esse tempo e amadureceram assim como eu também. E tudo bem quando isso acontece. Mas o que foi bom que respirei aliviada quando descobri que eu não precisava tentar restaurar algo que não faz mais sentido hoje. Que eu não precisava me culpar por algo que simplesmente aconteceu.

Nesse aspecto da vida adulta me sinto muito feliz. Aprender a atravessar oceanos para entender algo e ficar tudo bem. A maturidade traz para nós esclarecimentos que além de nos trazer alívio nos fazem mais felizes com o presente. Entender o passado é necessário. Mas entender não significa morar lá. Não precisa fazer uma casa e ficar esperando alguém aparecer. Porque infelizmente pode passar anos e casa sempre continuará sozinha. Você, as memórias e uma possível esperança de que algo vá mudar.

O agora tem sido um presente. Encontrar maneiras de ser satisfeito hoje, tem me feito olhar para o passado com tranquilidade e para o futuro com mais esperança e menos ansiedade. Entendo que foi possível fazendo as pazes com o passado. Entendendo que ele se foi, o que aconteceu fica lá de aprendizado. Fiz com o que eu tinha no momento. Hoje tenho mais ferramentas para “trabalhar”, mas não há como voltar. O futuro ainda não existe, mas depende daquilo que planto hoje. É preciso estar atento para aquilo que se planta. E hoje, somente uma oportunidade, de viver melhor todos os dias.

Stael Guimarães

28, mineira, arquiteta, aspirante a escritora, cantora de chuveiro, dubladora de instagram, fotógrafa em formação. Muitas em uma, uma de muitas.

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