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Olá rabbiters tudo bem com vocês? Peço desculpas pelo afastamento e pela demora em postar novamente,  estava aguardando algumas coisas ocorrerem e como  não ocorreram, então segue o baile! Eu havia planejado postar algo sobre Maquiavel ou sobre o existencialismo que são assuntos do meu interesse e que estão na fila de posts, mas eles terão de aguardar. No inicio desse mês houve um terrível incêndio no Museu Nacional no Rio de Janeiro. O Museu mais antigo da América Latina pegou fogo com milhões de anos de história dentro dele. Vidas e pesquisas que morreram ali naquele incêndio , obras de valor inestimável que não podem ser recuperadas nem mesuradas em valor monetário em sua maioria. Então eu  como Historiador não só fiquei muito triste, mas também  chocado com os comentários realizados sobre o incêndio do museu.  Eu me sinto compelido a falar a respeito, não só pela minha profissão de Historiador, mas como cidadão e como professor e cientista.

Nove  voltas para esquecer

No século XVIII , milhares de africanos foram desenraizados e escravizados pelos portugueses, eles eram trazidos a força separados de suas famílias e parentes para servir de mão de obra escrava e impulsionar a exploração da monocultura de cana de açúcar.  Existiu escravidão em outros tempos da humanidade, mas os motivos eram diferentes. As pessoas eram escravizadas por dividas, por serem prisioneiros de guerra ou presos políticos. Na África com o advento do capitalismo criou-se uma situação inédita onde as pessoas eram desenraizadas de suas famílias e barganhadas, vendidas como um pedaço de carne, um comercio extremamente lucrativo aos portugueses e posteriormente aos brasileiros. Antes de virem escravizados para o Brasil, os homens eram separados das mulheres, assim no trajeto a caminho do mercado eles passavam pela Árvore do esquecimento. Essa árvore enorme ficava em Benin, as mulheres deviam dar sete voltas em torno da árvore e os homens nove. O motivo das voltas? Para que no trajeto a América esquecessem de suas vida. Imagine esquecer toda uma vida, seus pais, seus filhos, irmãos amigos e seu amor. Toda uma vida repleta de memórias apenas dando voltas em torno de uma arvore.

 

 Lembre-se de mim

Eu usei essa parte da história para ilustrar a importância das memórias. Uma pessoa sem passado é uma pessoa sem identidade. Imagina um dia você acordar com uma forte dor na cabeça olhar as pessoas ao redor e não reconhecer ninguém, não saber onde esta e  nem quem você é. Isso é o verdadeiro inferno! Quando uma casa pega fogo é desastroso, porem com trabalho duro e com o tempo é possível reconstruir ela novamente e talvez ate melhor que a antiga. Agora  as memórias os fragmentos  isso não volta jamais.

A Pixar ganhou o Oscar de melhor animação em 2017 com o filme CoCo em pt-br ” A vida é uma festa”. A animação fala sobre a tradição mexicana do dia dos mortos, da importância da família de seguir seus sonhos e fala sobre o esquecimento. É um filme muito lindo, repleto de significados e lições, e assim  como todas as animações da Pixar é um filme a primeira vista pra crianças mas também para adultos. Outra animação da Disney Anastasia (1997) aborda o mesmo tema esquecimento e identidade. Onde a protagonista do filme Anastasia é uma Princesa membro da família real Romanov e sofre um acidente criança perdendo sua memória, ai começa a luta de sua avó em tentar encontra-la.  Existem várias pessoas que desaparecem todos os anos, essas pessoas talvez percam a memória e ao fazer isso podem nunca mais voltar para a casa! É   uma constante batalha para que não sejamos esquecidos,  a vida é uma luta para preservar nossa existência e ela esta ligada a nossa identidade. Por isso é importante olharmos para o passado, e entendermos como chegamos ate aqui, o que ocorreu para nos moldar a quem somos hoje?!

Quando o museu pegou fogo, não era só um punhado de  coisas velhas e ninharias com teias de aranha, eram peças milenares, resquícios únicos do passado de milhões de pessoas. Eram pesquisas, trabalhos de uma vida inteira de biólogos e paleontólogos. Eram expectativas, sonhos, sem falar nas possíveis descobertas e resultados que trariam benefícios para um alcance infinito de pessoas. Quando se fala absurdos com quem vive de passado é museu a pessoa esta negligenciando quem ela é, a identidade dela e a importância de se reconhecer no espaço tempo.  Se não gostamos de nossas origens, se não nos identificamos como nosso passado, se temos vergonha de assumir quem somos e de onde viemos ,  qual é o sentido de nossa existência? Que lugar é esse que ocupamos no mundo/ universo? No final viver é uma constante luta contra o esquecimento, é  uma batalha para preservar tudo que ocorreu nessa batalha e  os frutos dela não se tornarem cinzas.

Fernando

33 anos, Professor, Historiador, Gamer e Escritor. Fascinado pelo universo Geek e Pop. Leitor, fã de música e cinéfilo. Pai de um rapazinho e uma mocinha. Em horas vagas escreve neste blog. Me sigam no twitter @ferthenando e no Instagram @ferthenando18

Um comentário

  • Rafael disse:

    Caraleo, que artigo daora Fernando. Vivendo e aprendendo, eu não sabia dessa da árvore do esquecimento, pra gente ver como são as tradições e manifestações das pessoas. Continue firme e forte nas postagens!

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