Ir para o contéudo principal

“A Mulher não nasce mulher . Ela se torna mulher.”

Olá meus queridos Rabitters! Gostaria que soubessem que estou com uma tremenda escassez de tempo e infelizmente escrever está com baixa prioridade, mas nos próximos meses eu devo entrar de férias e prometo recompensar minha ausência de agora. Por hoje vamos nos ater a essa citação acima no início do texto. Ela simboliza uma corrente filosófica chamada de Existencialismo. Já abordamos o existencialismo no blog anteriormente e vou deixar os posts linkados aqui para vocês se aprofundarem no tema. Acomodem-se e preparem seu café enquanto escorregamos pela toca do coelho!

Fazer-se Homem

Ao afirmar que a Mulher não nasce mulher Simone de Beauvoir  pretendia dizer que o que entendemos como comportamentos e características inatas ao sexo feminino na verdade são fabricados socialmente. Ao fazer isso ela desconstruía toda a cultura rígida que colocava obrigações sobre as mulheres, e não lhes deixava escolha, afinal como elas poderiam escolher se não havia possibilidades?  O Homem enquanto  animal  é um ser racional, e ele se afasta do mundo animal pra construir aquilo que chamamos  de cultura, para a sua própria sobrevivência. O que o torna um animal diferente dos outros, pois é um ser pensante e cultural; não agindo pelo instinto como os outros animais. Fato é que por ser assim pensante, o homem  só se torna homem através de seu conhecimento, nós aprendemos a ser homens e as mulheres aprendem a ser mulheres! Ah, o homem! Um ser tão forte por pensar, e ao mesmo tempo frágil por desconhecer infinitos além de infinitos.

Já se perguntou alguma vez porque homem não chora? Existem várias premissas que ouvimos todos os dias  pelo senso comum que variam a desde permitir homens falar palavrões  a impedir os mesmos de chorar porque isso séria considerado algo  frágil, característica que normalmente é associada ao feminino. Na realidade tudo que fazemos ou não é apenas nossas escolhas diante de construções sociais, e esses padrões estão tão impregnados  nas pessoas que resistir a eles ou quebra-los é uma afronta. Ser  rebelde é não se conformar com algo imposto, é reagir demonstrando através de suas escolhas e comportamentos  que você não aprova determinado jeito de pensar socialmente aceito. Existe uma dinâmica social entre a linha mainstream(padrão) e a linha marginal ou rebelde em que alteram-se num fluxo continuo ao longo do tempo, esse principio da dialética falamos sobre no último post onde você pode conferir clicando Aqui.

O que franquias como Megamente, Detona Ralph e Naruto possuem em comum?

Essas franquias são totalmente diferentes, e  de criadores diferentes, porem elas  possuem algo  em comum, você percebeu o que é? O existencialismo ! Bingo! Se você nunca viu nenhuma dessas animações  recomendo fortemente que assista  a elas, não só pelo entretenimento mas pela poderosa mensagem que elas passam.  Em todas as obras as histórias dos 3 personagens tem algo em comum. Eles são tratados como vilões e mal vistos por algo inerente a eles, eles nasceram nessa condição e tentam através da rebeldia de suas ações lutar contra sua condição inicial. Em detona Ralph é possível vermos o grandalhão num encontro  de vilões e a frase bordão deles é o ápice do arco.

“Eu sou mau e isso é bom. Nunca serei bom e isso não é mau. Não há ninguém que eu queria ser além de mim.”__ Lema dos vilões  anônimos em Detona Ralph.

Escolhas

Na Grécia antiga celebrava-se  a beleza, o porte físico, os gregos esculpiam o mármore em honra à beleza, pois para eles  as pessoas que deviam ser celebradas eram essas dotadas de atributos inatos os quais seriam dados pelos deuses.  Com o advento do pensamento cristão essa ótica desloca-se dos atributos herdados para às escolhas.  Perceba que para o cristianismo não importa o que lhe foi dado, e sim o que você escolha fazer com isto. Um deficiente físico sem o uso das pernas, que joga basquete é mais louvável do que um cara que é apenas bonito geneticamente . Não há motivos para se elogiar algo em que a pessoa não possui controle como por exemplo: a sua herança genética. Mas é plausível  elogiar as atitudes, o comportamento e isso sim é glorioso. Todos nós nascemos  com características e condições inerentes a nós, as quais não temos controle algum. O que fazemos com essa condição adversa e como reagimos a ela isso sim podemos controlar através de nossas escolhas. Uma pessoa que nasce com alguma deficiência física  tem duas alternativas básicas, resignar-se em sua condição e entendê-la como uma condenação, ou pode entendê-la como uma motivação extra para se superar. Perceba como escolhas são os pilares da nossa civilização moderna. Não existiria capitalismo se não houvesse a possibilidade de escolher poupar um recurso em excesso agora para investi-lo no futuro!

Não somos folhas jogadas ao vento  sem vontade guiadas totalmente  por forças exteriores. Nem somos Deuses ou entidades que podemos fazer tudo que quisermos. Creio que estamos em um ponto médio entre os dois extremos. Ao fazermos escolhas usamos a maior característica que define a humanidade: o  pensar.  Quando deixamos de fazê-las propositalmente, estamos abrindo mão de nossa capacidade de decisão, estamos sentando no banco do carona e assistindo outros conduzirem nossas vidas. Ser rebelde portanto não se trata apenas de ir contra padrões impostos culturalmente, mas sim de manifestar o seu existir e o seu pensar. Existem várias situações que ocorrem em nossas vidas que não podemos controlá-las, situações negativas que fogem ao nosso poder de ação, ainda assim podemos controlar como reagir a essas situações, e isso é nossa escolha.

As tradições se atualizam

A cultura humana é algo intrigante, segundo a Antropologia ao mesmo tempo que a cultura conserva a si mesma, ela também se renova. Existem pessoas extremamente ligadas as tradições e aos velhos costumes. Elas são moldadas por esses valores e costumes, eles são o pilar moral  da vida dessa pessoa de pensamento rígido ligada a tradições. Se você questionar algum desses valores você estará colocando em xeque toda a vida dela, essa pessoa está tão presa a eles, que ela lutará com todas as forças para defendê-los, mesmo que  irracionalmente. Existem tradições religiosas, tradições familiares e instituições como parte da cultura. Isso tudo vai  se transformando ao longo do tempo. É natural que essa transformação aconteça, afinal a cultura está em constante mudança, se reciclando, absorvendo e regurgitando traços que não lhe convém mais. Ao ser Rebelde  você pode não estar querendo a destruição  de tudo radicalmente, mas pode sim querer mudar a forma como as coisas são feitas. As vezes, mesmo não vislumbrando uma mudança, ser rebelde ainda mostra sua escolha de ir contra aquilo que lhe é imposto, mesmo que apenas isto  não vá alterar nada.

Join the Rebel!

Ser rebelde não significa ir contra tudo e contra todos o tempo todo! Quando era garoto eu gostava de ir contra a maré, nunca me apeteceu seguir a boiada, mesmo que isso me beneficiasse em algum grau positivo. Era engraçado! Meus pais até me apelidaram com o nome de um famoso personagem da turma da Mônica o Do Contra, afinal eu adorava ir contra a opinião geral. É um processo desgastante porque eu escolhi trilhar o meu caminho sozinho e cometer meus próprios erros do que seguir uma fórmula  que já “dava certo”. Ao fazer isso eu fui sentindo frustração a cada vez que eu me comparava com quem seguia o fluxo e estava ” se dando bem”.

 

Um dia fazendo terapia com meu psicólogo há uns 3 anos atrás ele me fez cair em mim mesmo,  “a fórmula que dava certo dava certo para quem?”.  Essa fórmula dava certo para um perfil específico de pessoas, que eram consideradas bem sucedidas na sociedade, aquelas pessoas que buscavam possuir os pilares básicos da felicidade contemporânea, os pilares eram estética e status quo.  Se eu não valorizava e não via sentido em buscar nenhum dos dois porque eu me esforçaria para seguir a fórmula do sucesso? Então eu compreendi que não era necessário me comparar a outras pessoas, porque  estávamos em fuso- horários diferentes. Enquanto elas buscavam as aparências eu buscava a essência. Não preciso abdicar de todas as regras, formalidades e instituições sociais do mainstream para ser rebelde, mas eu posso utilizá-las da minha forma para atingir o meu objetivo. Agora imagine se todos pensassem contra a corrente? Ela desapareceria ou criaria-se uma nova corrente?

 

 

 

 

 

 

Fernando

33 anos, Professor, Historiador, Gamer e Escritor. Fascinado pelo universo Geek e Pop. Leitor, fã de música e cinéfilo. Pai de um rapazinho e uma mocinha. Em horas vagas escreve neste blog. Me sigam no twitter @ferthenando e no Instagram @ferthenando18

Deixe um comentário